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Os dramas de quem é levado a viver em um país de cultura ocidental

  • Foto do escritor: Lilian
    Lilian
  • 28 de fev. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de mar. de 2018

Jhumpa Lahiri expressa os conflitos interiores e entre gerações de imigrantes indianos em países de cultura ocidental.

Por meio da TAG Experiências Literárias recebi e li o livro "O xará" de Jhumpa Lahiri no ano passado. Logo que terminei a leitura, feita em pouco tempo, me desesperei por adquirir outros livros da autora e comprei "Intérprete de males", um livro de contos publicado em 1999, vencedor do prêmio Pulitzer de ficção.

Os livros possuem temática semelhante, embora as narrativas sejam distintas. Abordam a vida de imigrantes indianos vivendo em países de cultura ocidental.

A sensibilidade de Jhumpa Lahiri às dificuldades de adaptação e vivência de imigrantes indianos em países de cultura ocidental se revela pela complexidade que compõe a construção de seus personagens tornando-os figuras palpáveis. Em partes podemos denotar esta característica à própria vivência da autora: filha de imigrantes indianos, nasceu em Londres no ano de 1967 e posteriormente mudou-se para os Estados Unidos com os pais. Atualmente, vive na Itália e escreve livros em italiano.

Os personagens de Lahiri vivem conflitos reais. Aqueles que deixaram seu país para viver na Europa ou nos Estados Unidos, convivem com a dificuldade de aprender um novo idioma, adaptar o cardápio aos produtos disponíveis nas localidades próximas e lidar com a solidão e a distância de seus parentes em épocas nas quais a comunicação não era fluida como hoje. Para as mulheres a adaptação é ainda mais difícil, já que precisam se virar em países nos quais as esposas não são tão dependentes dos maridos o quanto as indianas são. Uma simples ida ao supermercado é um desafio por vezes intransponível para elas.

Mas os mais angustiantes conflitos são aqueles que se formam na mente de crianças nascidas em países ocidentais cujo os pais são imigrantes indianos. Na infância não há tanto estranhamento para as crianças, embora estas convivam com rituais tradicionais de suas origens enquanto frequentam escolas nas quais os costumes diferem daqueles adotados em seus lares. No entanto, a partir da adolescência elas convivem com a culpa, o remorso, a revolta e a raiva. Um mix de sentimentos que resultam da maneira ambígua como vivem: fora de casa, a liberdade que a cultura ocidental oferece de bandeja e que fascina àqueles que dentro de casa convivem com a autoridade de figuras que insistem, inclusive, em decidir com quem os filhos devem ou não se casar. As consequências se estendem para a vida adulta, repleta de erros cometidos pela insegurança que só quem precisa escolher entre ser quem se quer ser ou agradar seus familiares, sem que haja possibilidade de coexistência dessas duas opções, sente. Uma insegurança que persegue, dura de aguentar.

Neste livros você vai encontrar conflitos reais, com toda a complexidade humana que passa longe daquelas narrativas rasas que dividem as personalidades em boas ou ruins, egoístas ou generosas.


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Sou a Lilian, uma geógrafa aficionada por viagens, livros e experiências que façam a vida valer a pena.

 

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